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Gravura, serigrafia, xilogravura... Você também se confunde com estas terminologias?

Atualizado: 26 de mai. de 2021

Genericamente falando, a gravura é produzida para ser multiplicada. Ela é um múltiplo de uma obra de arte, reproduzida a partir de um desenho feito em superfície dura que é chamada de matriz. Esta matriz pode ser feita de diferentes tipos de materiais como: madeira, metal, pedra, borracha ou seda.


A gravura em madeira ou xilogravura constitui a técnica mais antiga de produção de gravuras. Sua origem é provavelmente chinesa e remonta ao século VI. No Ocidente, a técnica ficou conhecida no Renascimento (século XIV). O princípio é gravar a imagem sob a forma de entalhe do desenho na superfície dura. O resultado é uma matriz em alto relevo produzida em madeira. E o passo seguinte é esta matriz receber a tinta e ir para a prensa com o papel.


Rinoceronte, Albrecht Dürer (1515) . Xilogravura, 21,4 × 29,8cm

National Gallery of Art, Washington DC



A gravura em metal ou calcografia começou a ser utilizada na Europa no século XV. Para sua matriz são utilizadas placas de cobre, zinco ou latão que recebem a gravação direta ou pelo uso de ácido (ou água-forte, termo usado até o século XVII para designar o ácido quando diluído em água), água-tinta (processo semelhante ao anterior, porém com aplicação de resina na placa) e ponta seca (instrumento de aço ou madeira pontiagudo, semelhante a um lápis ou lapiseira). A matriz recebe a tinta e vai para a prensa onde a imagem é transferida para o papel. Costumam ter menor tiragem, pois dependem do desgaste do material que a matriz suporta.


Sem título, Iberê Camargo . Gravura em metal 37/75, 23 x 28,5cm



A gravura em pedra ou litogravura foi inventada por volta de 1796. Diferentemente da xilogravura e da gravura em metal, odesenho é feito através da gordura aplicada sobre a superfície da matriz e não através de fendas e sulcos. E foi a partir do uso da técnica da litografia, na segunda metade do século XIX, que o cartaz (affiche, poster) passou a ter uma estrutura reconhecível como "peça gráfica de publicidade".


Jules Chéret, Bal du Moulin Rouge (1889)

Litografia a cores, 124 x 88cm



O linóleo é uma técnica que se assemelha ao entalhe da xilogravura, porém a matriz é em placas de borracha chamadas de linóleo. Apesar desta técnica, muito utilizada pelos artistas modernos como Pablo Picasso, ser mais recente do que a da xilogravura, o processo acontece da mesma forma: a placa matriz receberá a tinta que é aplicada sob as partes em relevo, sendo colocada na prensa e transferida para o papel.


Pablo Picasso, Jacqueline au Bandeau de Face (1954)

Linóleo, 64 x 53cm



A serigrafia, também conhecida como estamparia, surgiu no Japão no século X, chegando ao Ocidente no final do século XVIII. O processo de impressão é realizado a partir de um estêncil (molde) em que a tinta é prensada por meio de um puxador ou rodo através da tela para a impressão do material. Originalmente, as telas foram confeccionadas com seda, dando o nome ao processo de serigrafia - seri (seda) e grafia (escrever ou desenhar), em grego ou ainda, silk-screen - silk (seda) e screen (tela), em inglês.


Andy Warhol, Untitled from Marilyn Monroe (1967)

Serigrafia sobre papel, 36 x 36 cm

Conservada no Museum of Modern Art, Nova Iorque, EUA.



Assim sendo, a matriz da gravura pode ser de metal, pedra, madeira, linóleo ou tecido, a tiragem final tem que ser aprovada pelo artista, que assina a lápis cada múltiplo, colocando a data, o título da obra e numerando a referida série.


A imagem impressa, cada uma é um exemplar original, seja ele o número 1 ou o 100. E o conjunto destes exemplares é chamado de edição ou tiragem. Algumas gravuras possuem iniciais, como as listadas a seguir:


• P.A.: prova de artista destinada ao artista; geralmente são feitas em quantidade de 10% do total da tiragem. • P.E.: prova de estado, é a prova anterior à gravura finalizada; são gravuras quase finalizadas ou impressões que mostram as etapas gradualmente da colocação de cores. Elas são o registro do processo de criação. • B.P.I.: bom para imprimir, é a autorização do artista para a impressão. • P.I.: prova do impressor, destinada ao impressor, caso não tenha sido o artista que tenha feito a impressão. • H.C.: hors commerce , uma denominação francesa que significa gravuras fora de comércio. Geralmente são feitas em pequena quantidade e com o objetivo de presentear alguém.


Todo este processo de criação da gravura, desde a concepção do desenho, a escolha e a confecção da matriz até as impressões nos mostra o quão manual e até mesmo sofisticado é este trabalho. E pelo fato de terem seus múltiplos, as gravuras são mais acessíveis do que as pinturas em tela, sendo uma alternativa para quem gosta de arte e está iniciando sua coleção ou apenas querendo decorar um ambiente. Diferentemente de reproduções em larga escala, as gravuras possuem valor de revenda, sendo também uma forma de investimento em arte.


Então, no momento de decorar um ambiente, mesmo que não se possa investir muito, pense com a cabeça de um colecionador de arte e adquira uma gravura assinada por um artista consagrado. Valerá muito a pena saber que se tem uma obra de arte na parede, que ao longo do tempo, ainda poderá se valorizar!

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